Na generalidade não tenho a consciência de estar louco. Conseguimos ter
sensibilidade para a dor, percepção das limitações físicas mas como ter
consciência que se está definitivamente louco? Não no sentido de doença
mental. No sentido de isolamento, de anormalidade. Só os ajuizados me
poderão atribuir à loucura o que significa que ficarei cego do senso
comum. Ás apalpadelas. Tenho dado por mim a perguntar a outros se estou a
pensar bem, se estou a ser compreendido. Inseguro. É
como se estivesse a meio de uma ponte e não soubesse qual dos extremos é
a normalidade e precisasse de indicações. Mas em outras vezes sinto que
estou mesmo muito perto da loucura quando isso conforta e amplia a
minha existência, confirma o equilíbrio, estabiliza o estado emocional. A
loucura quando me toca é sempre com a mão esquerda. Hoje as narrativas
estão vazias dela talvez tocadas de morte pela sua mão direita. Os
filhos quando regressam a casa trazem o corpo sem a alma. A normalidade
não deixa ligar os sonhos à realidade e transforma-os em ilusão.
Entretém, vicia, apropria-se. Quando estorvar os outros quero que te
apagues em mim.
04/11/2019
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