O telemóvel avisou-me novamente da notificação do Observador.
Sem me
consultar criou um som específico para isso e depois disse-me: podes silenciar em qualquer altura, deixando-me ficar com a sensação de
controlo. Mesmo à distância sei do que se trata e, em cegueira, penso
que mando. Ele sabe como funciona o meu cérebro e manda mesmo sem ver.
As suas competências são mais eficazes. Eu lido com expectativas e
atribuições ele domina-me o locus de controlo interno. Filho da puta.
O meu pai nunca teve telemóvel. Um dia esforcei-me para lhe mostrar as vantagens da tecnologia. Pai podias ver-me e falar comigo, vês, olha aqui. Se me quiseres ver levantas o cu da cadeira e vens cá, respondeu. Calei-me e desculpei-me que lia as notícias sentado. Hoje visitei-o e perguntei-lhe para que serve eu saber das desgraças que passam no mundo.
O meu pai nunca teve telemóvel. Um dia esforcei-me para lhe mostrar as vantagens da tecnologia. Pai podias ver-me e falar comigo, vês, olha aqui. Se me quiseres ver levantas o cu da cadeira e vens cá, respondeu. Calei-me e desculpei-me que lia as notícias sentado. Hoje visitei-o e perguntei-lhe para que serve eu saber das desgraças que passam no mundo.
- Quais desgraças? Perguntou com uma voz de prazer desinformada
sorrindo ao mesmo tempo que franzia o sobrolho. Mostrei-lhe a notícia
do Observador.
- Áh essas….dão-te informação para quando te sentas na cadeira não teres pena de ti próprio.
Calei-me e
vim para casa a questionar-me qual o verdadeiro impacto que tanta
informação tem na minha vida e nas relações com os outros.
Comentários
Enviar um comentário