Percebi que as rugas se aprofundaram quando de manhã olhei de relance o espelho, no uso da visão periférica. De fugida, já a sair da zona do reflexo, quando deixamos de ver mas a imagem ainda se mantém mentalmente por alguns segundos. Corrigi de seguida dando-lhes espaço e tempo para se me mostrarem melhor. Agora de frente, vi-as fundas. Três de cada lado, geometricamente saindo de um ponto comum, afastando-se intencionalmente para percorrerem a têmpora como a dizer-me que já não governo aquela área. Reclamam quando semicerro os olhos no igual esforço que faço para ler se não tenho óculos. Atribuí a intencionalidade a um estímulo do inconsciente provocado pela visita que fiz ao meu pai em que ele aproveitou para me mostrar as novas galinhas. Todas pequenas, á espera de crescerem ali. Compradas no mercado semanal no meio do pó da palha e de penas, o mesmo que me foi sempre comum e me secavam as narinas quando as enxotava para lhes roubar os ovos. Vi-lhes os pés cravados nas minhas fonte...
Todos temos memórias de caminhos. Porque a minha fica sempre perdida no tempo não me lembro do primeiro dia na escola primária